A ARTE CONECTA
Duda Garnier tem 24 anos e é portadora do TEA (Transtorno do espectro autismo). Assim como todos nós, ela tem sua vida constituída por conquistas, dificuldades, talentos e limitações.
Sou artista, arte-educador e pai. Talvez por isso tenha passado muito tempo tentando pensar ferramentas do meu trabalho que beneficiassem minha filha, mas as emoções da paternidade nem sempre trazem clareza e tudo às vezes se mistura.
Durante a infância e adolescência, Duda fez incursões pelas artes plásticas, teatro e canto, mas só recentemente, há uns três anos consegui separar meus papéis de pai e profissional para desenhar um programa de artes que pudesse atendê-la como pessoa criativa que é, mas que ao mesmo tempo fosse capaz de dialogar com suas questões e se possível, fazer delas ação e objeto artístico.
Percebi que, como profissional, precisava atuar em segundo plano, orientando outro profissional.
Thiago Gomes fez comigo sua formação em arte-educação e hoje faz parte da minha equipe do Projeto social Eu Sou. Seu perfil e competência me pareceram bons ingredientes para o desafio de pensar a arte considerando o desenvolvimento da minha filha em todos os aspectos, mas sem “terapeutizar” ou fomentar estéticas artísticas que não fossem as da própria Duda.
Considerando alguns objetivos que a instigassem a fazer conexões com ela mesma, com suas competências, interesses e o mundo, foi então desenvolvido um programa de atividades artísticas, onde os desafios são apresentados através de propostas artísticas.
Costumo pensar os objetivos como norteadores do agir e pensar educacional, sem se tornarem limitadores da livre expressão. A arte não compreende o limite.
Os resultados têm sido tão importantes, tão significativos que precisavam ser compartilhados. Assim surgiu essa exposição que tanto me orgulha como pai, professor e artista.
Helio Rodrigues
